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sábado, 5 de janeiro de 2013

A força da natureza em Corupá

Para o bem e para o mal... desculpe o tamanho do post, mas eu tinha que desabafar do começo...



Para alguém que tem o mar dentro como eu, viver em cidades fora do litoral me traz um vazio por dentro. Quando tem rios, essa saudade da água ameniza um pouco. A região do Vale do Itapocu tem dessas coisas, cativa a gente por onde menos eu esperava.

A abundância da natureza nessas paragens me enche os olhos e acalma o coração. Muitos morros cheios de verde, rios e cachoeiras que nos encontram pela estrada. Corupá é uma das cidades de maior riqueza nestes quesitos. 

Começamos conhecendo o Seminário, onde se deu a largada do Encontro de Trilheios Banana Lama. Naquele sábado, fomos passear por ali. Entramos em ruas desconhecidas, à caminho de uma Cachoeira chamada Braço Esquerdo, quando nos deparamos com a “pista” de trilha que passava. Os participantes atravessavam um riacho meio aventura e seguiam o destino. Lindas paisagens!

Cerca de dois meses, fomos conhecer as 14 quedas de outra cachoeira. Estava cheio de gente, mas também, pudera! O lugar é espetacular, estou ansiosa a apresentar a outras pessoas. Os convites foram feitos e reforço a sugestão, família e amigos!

Hoje, um sábado meio nublado, voltamos a Corupá, desta vez para conhecer a Prainha da Oma. Outro lugar de tirar o fôlego e passar o dia todo, aproveitar a força da água e da natureza.

Entretanto, mas, contudo todavia... este passeio deixou uma marca forte, tanto quando é a própria natureza. Nos instalamos em uma “cadeira de massagem” natural entre as pedras por onde corria a água à altura da panturrilha. Passavam pessoas, de bem, que cumprimentavam com olhar e sorrisos.
Até que um homem, de cerca de 40 anos, com duas crianças nas mãos parou perguntando se havíamos visto outras duas crianças, o seu casal de filhos. “Tens telefone? Se encontrarem alguém, precisamos chamar os bombeiros. Eles se chamam Sara e Tiago”, disse a voz preocupada e os olhos atentos.
Quando nos demos conta da gravidade, Robert foi ajudar a procurar as crianças, de 10 e 15 anos. Eu fiquei para não atrapalhar ainda mais. Conversei com os bombeiros e continuei ali, acompanhando as coisas acontecerem. Mas não aconteciam. Nenhuma novidade, ainda fazendo uma varredura na área.

Equipes de mergulhadores e de cães de salvamento foram chamados também. Robert volta, suado e desiludido, molhado desde os tênis até a barriga. “Fui até onde achei que eles não iriam, a mata é muito fechada e dentro da água é difícil passar”, a angústia já se apresentava.
Outra equipe chega e nós deixamos o local. Depois de quase duas horas, os corpos são encontrados dentro de um poço, a poucos metros de onde haviam se perdido dos pais. O senhor que havia pedido ajuda estava na Prainha com a esposa e os dois filhos, Sara e Tiago, um cunhado e dois sobrinhos, aqueles que ele carregava quando nos vimos.
O homem se distraiu por poucos minutos, quando um peixe tinha sido finalmente pescado. Quando se virou para os filhos, que estavam na beira d’água, eles haviam sumido. Durante as buscas, ele se sentou no chão, já com a cabeça entre as mãos.

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